Com Igraine à sua
frente, o cavaleiro cavalgou alguns metros e o cavalo começou a subir e criar
asas, tal qual um pégaso.
- Quem... Quem é você? –
Os longos cabelos loiros de Igraine esvoaçavam com o vento enquanto atingiam as
nuvens esparsas e a Lua cheia iluminava a noite de forma magnífica.
Ele apenas fez sinal de
silêncio com o dedo diante da boca e continuaram a subir.
O cavaleiro tirou a
máscara prateada e sorriu. Seus cabelos eram grisalhos e seus músculos bem definidos.
Seus olhos castanhos eram fortes e penetrantes. Igraine o encarou surpresa, ela
mesma lindíssima, olhos verde-jade e lábios convidativos.
- Sou Émer, o último
dos Guardiães da Lua. Nossa cidade foi destruída por... Não importa. O fato é que
vi o que houve lá embaixo, em sua aldeia. Como podem querer executar uma garota
tão linda como você?
- São ignorantes. Tudo
que não entendem é bruxaria. Obrigada por me salvar, eu... Eu nunca mais vou
querer voltar àquela aldeia.
Ele sorriu.
- Não a levarei de
volta, princesa. Como é seu nome?
- Igraine. – Ela olhou
em volta. – Você mora aqui?
- Sim. É uma longa
história, que não quero lhe contar agora, haverá tempo para isso depois. Eu a
salvei porque a quero como minha amante.
- Não existe mais
ninguém da minha espécie. Antes que fale, quero que saiba que é livre para ir
embora, e eu a levarei para onde você quiser.
Destapou-lhe a boca.
Ela apenas o observou por um longo momento. Depois olhou para baixo, não dava
para ver nada na escuridão da noite, além das nuvens e relâmpagos.
Voltou a olhá-lo. Mediou
de cima abaixo.
- Eu não tenho mais
nada nesse mundo, mas... As coisas estão indo rápidas demais, não acha? Você me
salvou da morte horrível de ser queimada viva e é lindo... Porém pode ser pior
que meu marido lá embaixo.
- Isso você descobrirá
com o tempo. O que posso dizer-lhe é que tenho pressa. Estou morrendo. Minha
espécie não vive mais que vinte anos. Meu tempo está acabando. Não tenho mais
que um mês de vida.
Igraine mordiscou o
lábio, assustada. Estava certo que aquele cavaleiro era maravilhoso e a
salvara, porém entregar-se a ele sabendo que ele morreria em um mês...
- E então? Quero que me
ajude a salvar minha linhagem. Mesmo mestiço, nosso filho carregará minha
herança.
- E depois? O que será
de mim?
- Se aceitar minha
oferta, terá a riqueza de meu povo. E será acolhida pelos zereus, um povo
aliado. Será uma rica rainha. Por favor, seja minha amante, nem que seja por
apenas uma noite e nada mais.
Ela o encarou e ficaram
em silêncio por um tempo que parecia infinito.
- Está bem. Serei sua
amante. Mas será por uma noite. Cuidarei de seu herdeiro – ou herdeira – você me
salvou a vida e lhe devo isso.
Quando ele a despiu,
ela sentiu-se um pouco envergonhada, porém ele logo a deixou a vontade. Ele era
hábil e Igraine sentiu coisas que nunca sentira na vida. Beijavam-se com
vontade. Amaram-se no início lentamente, sem pressa, porém logo faziam amor de
forma exuberante, em todas as posições, e Igraine simplesmente estava nas
nuvens, embora literalmente estivesse realmente nas nuvens.
Quando amanhecia e os
raios solares entravam enviesados pelas enormes janelas do quarto luxuoso –
embora em ruínas – de Émer, eles finalizaram o jogo de amor e se entregaram a
um sono profundo.
Nos dias que se
seguiram apenas comiam quando lhes dava fome, bebiam quando lhes dava sede,
riam lendo manuscritos, cantavam e se amavam. Faziam amor em todos os quantos
da cidade, de todos os jeitos, se beijavam, se abraçavam, contavam histórias
maravilhosas um para outro.
Eles viviam. Apenas os
dois. Faziam o que gostavam. E faziam amor.
Tempos depois, as
regras de Igraine atrasaram. Ela correu procurar Émer, não se continha de
felicidade. Estava grávida!
Contudo, apenas
encontrou uma carta;
Autor: Vitor Hugo
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